Falésias corroídas pela ação do homem e das chuvas
Canoa Quebrada/Aracati.

As
fortes chuvas e as ações do homem estão derrubando os monumentos.
Turistas reclamam da falta de sinalização, enquanto a Prefeitura diz que
já tem projeto de recuperação da área, mas ainda sem data prevista.
O casal passeia pela fenda. Para. Bate fotos. Vai adiante e sobe o barranco. Em poucos minutos, alcança o topo da falésia vermelho-alaranjada. De lá, tem um marzão de encher os olhos. Um risco corrido propositadamente. Os namorados sabiam da possibilidade de um acidente acontecer. Os monumentos de Canoa Quebrada sofrem com a ação do homem e da própria natureza. Excessos de ambos os lados estão causando desabamentos.
Por
conta das fortes chuvas deste ano, uma lasca da falésia que tem os
símbolos da cidade veio abaixo. Por pouco, lua e estrela não foram
afetadas. “Não tínhamos noção de que o local por onde entramos surgiu de
um desabamento”, surpreende-se o universitário Paulo Victor, 28. “Devia
ter uma placa avisando do perigo que é isto”, acrescenta a também
estudante Maria Clara, 26.
O POVO
percorreu o litoral de Canoa Quebrada. E não encontrou sinalização em
parte alguma. O que se vê são funcionários de barracas ou ambulantes
alertando os desavisados de forma esporádica.
A
cena é a mesma: fala-se dos desabamentos e aponta-se para um pedaço de
falésia transformado em morro de areia próximo do mar. “Eles chegam,
batem foto e, assim que descem, querem ir lá (na fenda). Sempre que
possível, a gente corre lá e avisa”, explica o chefe dos garçons de uma
das barracas, Bruno Felipe da Silva.
Minutos antes, porém, O POVO entrou facilmente na cratera que quase engoliu o famoso símbolo da cidade.
Por
lá, um grupo de amigos caminhava. Nenhum conhecia a origem do buraco.
Achavam que era natural. “Se a gente soubesse que abriu por causa da
chuva, não tinha nem entrado”, argumentou o cabeleireiro Jeferson Lopes,
18. “Por uma questão de segurança”, emendou a recepcionista Samara
Daniela, 25.
Projetos
A
Prefeitura diz ter projetos de recuperação dos monumentos. Segundo o
titular da Secretaria do Turismo, Cultura e Meio Ambiente, Francisco
José Damasceno, os desabamentos ocorreram por conta de uma obra de
pavimentação inconclusa. Entretanto, técnicos buscam na Superintendência
Estadual do Meio Ambiente (Semace) autorização para o serviço ser
realizado.
Enquanto
isto não acontece, algumas medidas são tomadas. Uma delas é modificar a
rota dos passeios de buggy sobre as falésias. “Foi feita uma nova
trilha para eles rodarem. Já demos entrada na Semace (no projeto de
recuperação das falésias). Além disto, fizemos uma barreira para evitar
desgastes e acidentes”, informou Damasceno.
Outra
decisão é a de retirar as barracas de praia da base dos morros. “Elas
vão ser realocadas. Não sei quando, mas já é certo. Queremos preservar
as falésias. Elas têm uma importância enorme para a região”, finalizou o
secretário.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
Obras
de recuperação e contenção precisam ser feitas com urgência na praia de
Canoa Quebrada. Afinal, fortes chuvas ainda podem cair em todo o Ceará
até o mês de maio, período da quadra chuvosa. Com isto, o risco de
acidentes nas falésias aumenta.
SAIBA MAIS
As
falésias são formações geográficas típicas de litoral. Elas são
caracterizadas pelo encontro abrupto da terra com o mar. Além das chuvas
e da ação do homem, também podem desabar com choque constante com as
ondas.
Em
Canoa Quebrada, muitos visitantes escrevem mensagens nos morros. Dentro
das fendas, é possível encontrar lixo, materiais da obra de
pavimentação citada pelo secretário e até fezes
Fonte: Bruno de Castro(brunobrito@opovo.com.br)